Faça o que for possível

Cresci com uma ideia irreal de mãe. Não sei ainda ao certo o que me levou a crer que a perfeição era “fácil ” de se atingir,  mas eu acreditava piamente nisso. Para mim,  a mãe tinha todas as obrigações imagináveis e as cumpria sempre. O que fugisse disso não poderia ser classificado como “mãe “.

Mais humor,  por favor!

Mais humor, por favor! 

Não preciso dizer onde essa crença me levou,  né?  Garanto que não foi ao paraíso,  mas me sentia olhando para algo muito lindo sem conseguir desfrutar da paisagem,  entendem?  Desde que me filho nasceu,  precisei de ajuda. Me achava incapaz de fazer quase tudo,  talvez pela impossibilidade de amamentá-lo no peito,  como  havia planejado. Foi um choque,  já comecei me sentindo um fracasso.

Aos poucos,  as coisas foram se ajeitando,  a terapia foi me ajudando, mãos foram sendo estendidas para nós. Eu entendi que,  por mais que fizesse o esforço mais incrível,  haveria coisas que eu não conseguiria fazer. Um duro golpe. Foi, também,  uma das primeiras lições que meu filho me ensinou: eu NÃO ESTOU no controle de tudo.

A partir de então,  percebi que haveria outras coisas que eu também não conseguiria fazer por ele – e nem sempre isso é ruim. No sentido mais amplo,  ele terá suas próprias batalhas,  seus próprios caminhos,  terá que fazer suas próprias escolhas. Posso orientá -lo,  posso torcer por ele,  mas há coisas que somente ele poderá fazer por si mesmo.

Enquanto ele ainda for um bebê, no entanto, existem coisas mais específicas que eu devo fazer que repercutirão diretamente na vida e na rotina dele. Se eu preciso sair,  por exemplo,  tenho a opção de levá-lo comigo ou deixá-lo em casa. Preciso programar a alimentação dele, as roupas,  as fraldas,  a rotina,  os passeios. Nem sempre minhas escolhas tem o resultado que eu esperava rsrsrsrs. Faço o que é possível. Faço tudo o que é possível e,  no entanto,  faço somente o que é possível.

Eu queria muito ser a super-mãe-super-mulher que bomba nas redes sociais. Queria conseguir dormir só 3h por noite e,  mesmo assim,  estar bem disposta,  pele boa,  feliz full time no dia seguinte. Queria não perder a paciência,  a esperança,  a calma. Queria que tudo o que eu planejei ocorresse exatamente do jeito que idealizei. Mas,  infelizmente ou não,  a vida não é assim. Quer dizer,  pelo menos a MINHA VIDA não é assim.   Ouço sempre do meu marido: ” A gente faz o que pode”. Todo dia eu fraquejo e me culpo por fraquejar,  me culpo por não conseguir ter a vida perfeita,  por nem sempre ver um sorriso do meu filho antes de ele dormir,  por não conseguir dar conta de tudo sozinha. Me culpo até quando ele chora e eu não entendo o que ele quer dizer. Nessas horas,  “ouço” lá no fundo do meu coração a voz do meu marido,  dizendo: “Meu amor,  a gente faz o que pode”.

Samia-Mãe

Sobre Samia Mãe

Samia, uma mãe com dúvidas e muita, mas muita vontade de acertar. Acredito que conversando sobre as dificuldades, elas se tornam menores e o caminho fica mais leve e divertido.
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Uma resposta para Faça o que for possível

  1. Dani disse:

    Vejo-me em cada palavra,
    Ailto, sigo te admirando!

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